03 DE JULHO DE 2025. POR BRENO CORDEIRO

Pesquisa de técnico da ABCZ destaca potencial da IA na predição de prenhez e da ultrassonografia de carcaça na herdabilidade das características de qualidade de carne da raça Nelore

Pesquisa de técnico da ABCZ destaca potencial da IA na predição de prenhez e da ultrassonografia de carcaça na herdabilidade das características de qualidade de carne da raça Nelore
Estudo de doutorado conduzido por Feliciano Benedetti de Freitas revela como seleção precoce e tecnologias de imagem podem incrementar a rentabilidade da pecuária zebuína

O Brasil caminha a passos largos rumo a uma pecuária mais eficiente, tecnificada e produtiva. É o que aponta a pesquisa de doutorado do Técnico de Registro da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Feliciano Benedetti de Freitas, defendida na UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso), com dois artigos científicos no intuito de potencializar a seleção de animais da raça Nelore para melhorar a produtividade e rentabilidade da carne.

Com o uso de algoritmos de machine learning e tecnologias de ultrassonografia de carcaça, o estudo alia a inovação à realidade do campo para entregar soluções práticas ao criador. A pesquisa abrangeu experimentos em dois criatórios de referência no estado de Mato Grosso e abordou temas centrais para a pecuária zebuína: a predição da prenhez em novilhas e a identificação de características genéticas ligadas ao rendimento de carcaça e à qualidade da carne.

O primeiro artigo da tese, intitulado Predição da Prenhez por Machine Learning e Parâmetros Genéticos em Características de Carcaça em Bovinos da Raça Nelore, utilizou a inteligência artificial para prever, com base em dados fenotípicos, quais novilhas têm maior probabilidade de emprenhar mais cedo. O trabalho analisou 1.167 fêmeas da Fazenda Porto do Campo, da Agropecuária Fogliatelli, em Lambari do Oeste (MT), considerando pesos aos 210 e 365 dias, ganho de peso diário e a época do ano.



“O uso de algoritmos de aprendizado de máquina agiliza a tomada de decisão dos pecuaristas e técnicos de campo, permitindo a seleção de fêmeas com maior precocidade sexual e melhor aproveitamento nutricional, o que resulta em rebanhos mais produtivos e lucrativos”, explica Benedetti.

Já o segundo artigo, realizado a partir de um banco de dados de mais de 6 mil animais da Fazenda Araponga, em Jaciara (MT), propriedade do criador Shiro Nishimura, investigou as estimativas de herdabilidade e correlações genéticas entre peso corporal e características de carcaça avaliadas por ultrassonografia.

Foram analisadas variáveis como a área de olho de lombo (AOL), espessura de gordura subcutânea (EGS), marmoreio (MAR) e o índice RATIO (formato das peças musculares).

“Identificamos que essas características possuem herdabilidade de moderada a alta, o que significa que é possível realizar acasalamentos dirigidos com foco em animais mais precoces, com carcaça de melhor rendimento e carne de qualidade superior”, afirma o Técnico de Registro.

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​​​​​​​Para o orientador, o Dr. Cláudio Vieira de Araújo (UFMT), os resultados confirmam o alto potencial da raça. “Quando se aplica uma seleção tecnicamente bem conduzida, a Nelore mostra uma enorme capacidade de evolução genética e produtiva”, afirma.

​​​​​​​Segundo a coorientadora da pesquisa, Dra. Liliane Suguisawa, da DGT Brasil, o estudo tem potencial de revolucionar a produção de carne na raça Nelore. “Nos Estados Unidos, características como AOL, EGS e MAR são fundamentais para o pagamento ao produtor e definem os padrões de rendimento e qualidade da carne. Com o uso da ultrassonografia, conseguimos aplicar o mesmo modelo ao Nelore no Brasil”, destaca.

“O fato de o autor ser Técnico de Registro da ABCZ reforça ainda mais a relevância e aplicabilidade prática do estudo.”

​​​​​​​Com a adoção de tecnologias como machine learning e ultrassonografia, a tese aponta caminhos concretos para antecipar a entrada de fêmeas na reprodução, reduzindo o intervalo entre gerações e aumentando a lucratividade do sistema; selecionar animais superiores com base em dados objetivos, melhorando o manejo reprodutivo e nutricional; e direcionar acasalamentos com foco em características desejáveis, como marmoreio e espessura de gordura.

​​​​​​​Colaborador da ABCZ há quase 15 anos, Feliciano se diz satisfeito com o resultado do trabalho e ressalta a dedicação profissional e acadêmica em prol do desenvolvimento do Zebu.

“Nos últimos 14 anos, finalizei mestrado e doutorado, sempre com pesquisas voltadas para o melhoramento genético das raças zebuínas. É muito gratificante poder contribuir com paixão para a evolução do Zebu e da ABCZ”, finaliza.

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